sábado, 20 de junho de 2015

Alunos da professora Madalena Monteiro


Professora Maria Madalena Monteiro 1986/87?

De cima da esq para direita:
1.Isabel Nunes, 2.Ana, 3.Carla Matos, 4.Alexandra Vilela Alexandra, 5- Claudia e 6- Simone, 7. Ana Isabel, 8 Francisco.
Bruno Silva,Frederico Bento, Hugo Miguel Santos Silva, Hugo Emanuel Cardoso, Marco Conde, Licínio, Vitor Brites, Adelaide Gaspar ( laidinha) minha prima.

terça-feira, 16 de junho de 2015

OS DIVERSOS SÍTIOS ENCONTRAVAM-SE NESTE SÍTIO


 
 
OS DIVERSOS SÍTIOS ENCONTRAVAM-SE NESTE SÍTIO

 
Em qualquer hora que passe pelo largo de S. Pedro, encontro-o quase sempre vazio - vazio de pessoas, vazio de tarefas, vazio de vivências.

                É um dos casos em que a renovação do desenho urbano não resultou, sendo urgente repensá-la. Nem tudo o que se estuda de forma racional e de régua e esquadro, tem sucesso. Apresento-vos um buraco negro na renovação da cidade de Vila Real. Parecia que iria dar certo, mas não deu.

                Há uns anos, tínhamos um caos humanamente saudável, transformado num ponto nevrálgico da cidade, feito de imensas realidades que tentavam coexistir em simultâneo. Pessoas e automóveis misturavam-se a diversas horas do dia, com uma vitalidade própria das cidades que mexem. Foi assim durante muitos e muitos anos. Os automóveis, as entradas e saídas do culto religioso da igreja de S. Pedro, a passagem de crianças idas e vindas do infantário de S. Pedro e do colégio S. José, os aldeões que chegavam à cidade para comprar e vender produtos, as sementes, as couves para semear e as galinhas com pintainhos, a camioneta que custava a passar entre os peões e expelia uma fumarada brutal, as mulheres que carregavam a cesta à cabeça com arrecadas nas orelhas, os homens de varapau ou bengala que carregavam samarras de domingo, os negócios que se faziam em poucos minutos, enquanto não passava a “carreira” ou o “carro de praça”… as discussões entre os taxistas disputando clientes, os convites para ir beber um copo ao Pimentel e fazer uma boquinha com uma patanisca de bacalhau… realidades e vivências que vestiram esta praça e áreas adjacentes. De vez em quando, os bombeiros a querer sair com o carro, do lado mais nascente do espaço, tendo a saída bloqueada por toda aquela confusão, largavam a sirene para sobressaltar toda a gente.

                O largo de S. Pedro era um espaço urbano desorganizado e sujo, que servia de ponto de encontro entre pessoas, oriundas de diversos sítios. Os diversos sítios encontravam-se neste sítio. Era um espaço urbano com vida, vivido a várias velocidades, que se traduziam em sons variados, numa paleta urbana muito rica e característica. Era ali que se fazia a articulação entre a cidade e o campo. Zona de charneira entre realidades distintas e simultaneamente muito próximas (aglomerados populacionais localizados na periferia de Vila Real num raio de 20km), tendo como cenário de fundo, a cidade transmontana capital do distrito. Os de Sanguinhedo vinham à cidade e encontravam-se aqui com os que vinham da Samardã. Os de Fornelos perguntavam pelas uvas aos de Parada do Pinhão. Os de Justes faziam os possíveis por ignorar ostensivamente os de Lamares. Os da Bouça combinavam a ida à festa da Sra da Pena com os de Fortunho e os de Vale de Nogueiras compravam os panelos aos de Bisalhães. Os cães vadios passavam e mijavam na base das árvores, felizes por toda aquela animação, abanando o rabo e cheirando cada pormenor deste festival de odores… uma festa aqui, uma comida acoli. Havia pouco onde sentar… Era um quadro que tinha tanto de surreal, como de genial e que permanece certamente na memória colectiva.

                Este era o local que mais negócios testemunhou entre fulanos, cicranos e beltranos.  Um coração urbano, com um bom ritmo cardíaco, bem ginasticado com excessos, acordos e desacordos… mulheres havia que aqui chegavam de poupo na cabeça e saiam de permanente perfumada. Não havia multibanco, o dinheiro aparecia no meio das mãos, notas de escudos e réis, puxadas do bolso das calças ou das carteiras, resultante por vezes da venda de uma junta de bois, na feira do Sto António. Vendiam-se tremoços aos miúdos que choramingavam já cansados de um dia inteiro na Bila, com os sapatos a apertar. Vendiam-se flores pelos Santos. Anunciavam-se os figos, as tangerinas, as cerejas e as castanhas. Passava sempre um cego de Vale d’ Agodim a pedir esmola. Atirava-se lixo para o chão, pois cascas de tangerina e cascas de amendoins sempre foram biodegradáveis.

                Logicamente emergiam diversos problemas, como sempre acontece no caos. Tentou-se organizar o espaço urbano, corrigir erros, redefinir traçados de arruamentos, dividir o espaço de permanência de peões, do espaço de circulação automóvel, beneficiando largamente a área para a permanência dos cidadãos pedestres, melhorar pisos e requalificar espaços. Reordenou-se a circulação, condicionou-se o trânsito, retiraram-se os táxis e as camionetas, renovou-se a vedação. As árvores permaneceram, a igreja de Nasoni também, os espaços construídos, idem. Localizaram-se bancos exteriores e duas esculturas de significado inexpressivo. Tudo muito saudável, tudo muito clean!!!!!!

Parecia que seria melhor para todos, não parecia? Parecia ser esse o caminho natural para a resolução de problemas, parecia que iriamos dar um passo civilizacional…

                Os aviões costumam desaparecer nos buracos negros… A praça de S. Pedro converteu-se num buraco negro, pois toda esta palpitação urbana, emigrou para uma outra dimensão, sumiu-se, finou-se completamente. Resta uma praça quase deserta infestada em certos momentos pelos ratos voadores mais conhecidos por pombas, mais os carros estacionados em filinha na via de acesso condicionado. Os bancos existem, mas estão vazios. Os comerciantes viram os seus negócios a tornarem-se moribundos. O cego mudou de sítio ou aposentou-se (sei lá bem!!!), o puto ranhoso já não quer saber dos tremoços, agora prefere um tablet, a chiclete e calça sapatilhas nike, o Pimentel deixou de ser um tasco e a cidade vai-se esvaziando.

                Temos bancos modernos, temos duas esculturas amorfas modernaças, temos uma universidade sénior, temos imensa sombra pelo verão, temos tudo limpo de sujeira e de pessoas, temos os bombeiros sem barreiras e falta-nos tudo o resto que conferia a esta cidade uma poderosa identidade.

Publicado em NVR em 16/06/2015

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A romãzeira chorosa

 
LIVRO INFANTIL
 
AUTOR: António Caseiro Marques
ILUSTRAÇÃO: Anabela Quelhas
Local de compra: Notícias de Vila Real