VARRER A RUA
Aos sábados de tarde era o momento para varrer as ruas. Algumas ruas eram empedradas, outras eram em terra. Penso que essa ação já não se realiza mais, mas antigamente era uma ação de higiene e de saúde pública. Cada um chamava a si o troço de rua ou caminho para onde confinava a sua habitação e procedia à sua limpeza.
Ao longo da semana, o chão enchia-se de bosta das vacas, das cagalhetas das ovelhas e cabras, de elementos vegetais que frequentemente saíam da carga dos carros de bois que por lá passavam. Não havia papéis, nem piriscas, nem latas, nem plásticos, nem embalagens… eram outros tempos de sustentabilidade puramente rural.
Varrer tinha uma ordem.
1 – retirar as bostas, com uma sachola para dentro de um recipiente e deitar na terra dos quintais;
2- encher um regador de água e regar a rua, para assentar o pó;
3 – fazer uma vassoura com uma giesta e varrer, juntando os elementos vegetais — umas eram muito bem feitas, outras não passavam de um canganho de giesta;
4 – deitar os detritos de novo para a terra do quintal;
Uma rua limpa e asseada, preparava-se para receber o dia do Senhor, o Domingo, possibilitando que as pessoas fossem à missa, sem sujar, os socos ou os sapatos, no caminho, dignificando a rua e os seus moradores.
AQ