MACHADOS DE JUSTES
João Gonçalves Costa
Quando, por finais de Fevereiro de 1964, os operários que
procediam
à terraplanagem de um terreno onde a firma A. Taveira &
Companhia Ld.ª
ia construir a sua fábrica de serração de madeiras, no lugar
de Couços,
Justes, ficaram surpreendidos com o achado de cinco pedras
que lhes
pareceram invulgares. As estranhas pedras foram guardadas,
embora uma
delas infelizmente se tenha extraviado posteriormente.
E eram, de
facto, invulgares. As
pedras, que tinham
sido
primorosamente afeiçoadas há quase 4 mil anos, por homens do
Neolítico
ou do Eneolítico, pertenciam a uma classe de instrumentos a
que se dá o
nome genérico de machados, quer se destinassem a uso prático
corrente,
quer a rituais religiosos, como parece ser o caso destes.
Mais tarde, e não muito longe daquele local, no sítio de
Bouças,
apareceu um sexto
machado, um pouco
menos perfeito do
que os
anteriores, mas com idêntico valor histórico.
Curioso é notar que um dos machados, é feito de fibrolite,
rocha que
não se encontra na região, nem sequer na Península Ibérica,
o que nos diz
qualquer coisa sobre as migrações e as relações comerciais
dos homens
de dois mil anos antes de Cristo. Os restantes são de xisto
metamórfico,
rocha vulgar na região.
Combinando estes achados com outros realizados em áreas
próximas,
nomeadamente vestígios de cerâmica e monumentos megalíticos,
é de
admitir que os
homens que os
fizeram e usaram
já se encontrassem
sedentarizados.
Finalmente, refira-se de passagem que toda a zona de Justes
é muito
rica do ponto de vista arqueológico, com importantes
vestígios dos tempos
megalíticos, da época castreja, da idade do bronze e da
romanização.
in Escapas do Corgo
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