domingo, 13 de novembro de 2011

99 anos




99 anos - Alberto Correia - um exemplo de verticalidade e dignidade.

Parabéns Tio.
Fotos: Sandra Correia

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SENTI O MUNDO A DESABAR


...senti o mundo a desabar.

Diagnóstico: ALZHEIMER/ESCLEROSE MÚLTIPLA.

Quis respirar fundo e não consegui.
Tinha as mãos do mundo todo a sufocar-me, e sentia a ausência de um suporte para os meus pés!

Passou pela minha memória uma série de sinais estranhos, que eu vinha observando nos últimos meses. Mais grave que os desequilíbrios sucessivos, falhas na memória, desorientação espacial, afigurava-se o meu registo que ficou eterno, de olhar demente com que um dia, me fixou o rosto, no meio de um sorriso sem contrôle.
Os seus olhos amêndoados, com a íris raiada, entre o verde azeitona e o castanho claro, que aconchegavam a minha existência, que me davam segurança, quando menina, e que julgara eternos, poisaram em mim sem nexo, sem lógica, sem profundidade, descoordenados do pensamento, descontextualizados de tudo e de nada, despropositados, dementes, perdidos da postura racional e coerente de toda uma vida.
O meu cordão umbilical foi violentamente cortado nesse instante, e sangrei…sem qualquer intimidade, sem preparativos, sem cuidados assépticos, na presença de todos, completamente alheados, da gravidade da situação.
Um dia após outro, a perda de actividade, de faculdades, de afectos, entrelaçava-se, com a perda sucessiva do ser humano que me gerou, progressivamente incapaz de exercer autocrítica, de tomar decisões, de
se organizar minimamente, e eu incapaz de me reorganizar, de estabelecer metas e objectivos, de renovar afectos, fortalecer empatias…
A autonomia, passou lentamente a dependência total.
A frescura da minha conduta converteu-se em amargura constante.
Os afectos formais foram-se desconstruindo, desmaterializando, numa dialéctica estranha de viver, perseguindo teimosamente um rumo com sentido negativo de involução.
Os papéis, estranhamente inverteram-se; de protegida passei a protectora, sem a mínima preparação, não conseguindo vestir bem essa roupagem, que assistia ao esvaziar de conteúdos de uma alma, que eu julgava e queria crer como inalterável.
As perdas sucessivas caracterizavam-se por uma bilateralidade de proporcionalidade inversamente descontrolada, tocando-se por vezes num eixo de simetria que eu tinha dificuldade e
m sustentar, levando-me a cometer erros de avaliação, permanentes e insuportáveis.
A minha sobrevivência diária à depressão, verificava-se apenas pela impossibilidade de enveredar por esse caminho. Nem esse caminho me restava.
Cada dia se tornou mais cinzento que o anterior, numa paleta monocromática, onde cada vez mais, predominava a ausência de luz, numa existência cada vez mais vegetal e dependente. Os negros cada vez mais negros, como se fosse possível alguma dis
tinção entre eles, ou como se fosse possível o preto ser mais escuro que o negro ou vice versa.., e a primavera não despontou durante seis longos e marcantes anos, que se converteram em décadas de sofrimento, de perdas irrecuperáveis, num processo impossível de inverter, sem fim determinado, que nos invadia até aos ossos, até à alma, até ao centro dos nossos centros.
O olhar… esse passou a ser de um estranho, mudou de cor, de forma, de tamanho, de textura, de tempo, de amplitude, de configuração…
…e um dia gelou-me os dedos da mão, com a rigidez marmórea do último dia.
In "Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado" - Anabela Quelhas
6/12/2006
(homenagem a minha mãe e a todos que acompanharam
os seus últimos dias)

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Comentário de uma neta publicado em simultâneo:
"Não consegui ficar indiferente a isto.Era uma pessoa que me tratou com muito carinho. "Desculpa la Ana, ela era mais minha avó do que tua, eu vivi mais tempo com ela do q tu." Gosto muito da pessoa que me dirigiu estas palavras, mas elas magoaram-me, porque o amor não se esquece, principalmente do amor que foi violentamente cortado pela morte, ou apagado lenta e sofridamente pela doença.É impossivel esquecer o afago do seu colo. A sua comida saborosa. O seu cuidado comigo, quando me dava banho, me limpava as feridas feitas das brincadeiras no terraço ou na rua, quando dizia "João não arrelies a menina" e quando me levava o leite quentinho à cama de manhã. Impossível esquecer o seu cantinho preferido da sala, que d
ava para ver da janela quem entrava em casa. O abraço que me dava quando eu chegava a sua casa. "Avó, tenho um cabelo na boca, tira..." e pacientemente ela ia tirar-mo da boca e dizia-me para não andar a levar brinquedos à boca, como todas as crianças fazem. Impossível esquecer quando me levava pela mão às compras. E muitas outras coisas que volta e meia, me vêm à cabeça.É estranho como as coisas acontecem, aquela pessoa, outrora neta também, filha, sobrinha, prima, mulher, mãe, avó, cheia de sentimentos e habilidades, se esvair da forma mais lenta possivel, dia para dia ver o esvaziamento do seu corpo, como se a alma o abandonasse lentamente, para ir renascer do outro lado. E aí estão as últimas gramas de peso perdido." Ana Quelhas

domingo, 21 de agosto de 2011

PROCISSÃO

Procissão em homenagem a Nossa Senhora de Lurdes realizada a 21 de Agosto de 2011 - Andor do Sr. dos Passos já referenciado em post anterior e pagens de abertura da procissão montados em 2 belos cavalos.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Passadiço da Eira

Passadiço da Eira - passagem inferior localizado na cota mais baixa da rua da Pereira - ligação entre rua da Pereira e Eira das Eiras.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Fecho rústico

Fecho rústico de porta construído em madeira (3 peças).
Peça construída artesanalmente.

domingo, 14 de agosto de 2011

Familia Forcado X Palheiros

Familia Forcado X Palheiros (1900)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

cibernautas

Olá Cibernautas

Regresso a este espaço depois de algum tempo de ausência.

Consultei o contador de visitas: 33.406 visitas. É bom!

Consultei a tabela de tráfego – o blog continua a ter imensas visitas de todo o país e do Brasil, especialmente.

Tenho recebido alguns emails simpáticos a perguntarem porque o blog tem estado parado, ou então a motivarem-me para continuar.

Pretendo dar um novo impulso a este espaço Web, mas francamente estou envolvida em tantos projectos, que este acaba sempre por ser adiado, pois sou a única que produzo a maioria da informação.

Solicito que me ajudem nesta tarefa.

Por favor enviem-me fotos antigas digitalizadas e identificadas, histórias que eu possa reescrever ou publicar directamente, curiosidades, receitas, recordações, novos vocábulos para acrescentar no glossário, etc. tudo o que se relacione com Justes, para:

quelhasjustes@gmail.com

Este poderá ser um espaço de memória da pequena aldeia transmontana e de fácil e rápido acesso.

Bem hajam.

Anabela Quelhas

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Festa

Festa/romaria de Justes realizar-se-à a 21 de Agosto de 2011
Homenagem a Nossa Senhora de Lurdes

sábado, 23 de julho de 2011

Boal deixa o Brasil – Sem o apoio do governo ou da iniciativa privada, acervo do fundador do Teatro do Oprimido vai para os EUA

A argentina Cecília Boal está decidida: até o fim do ano, parte do acervo de seu marido, o diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta carioca Augusto Boal, que fundou o Teatro do Oprimido, foi eleito embaixador mundial da Unesco e morreu de leucemia em maio de 2009, migra para os Estados Unidos, sob a tutela da New York University (NYU). Segundo a psicanalista, que foi casada por 40 anos com o diretor que uniu teatro e ação social, trata-se da única saída possível ante a deterioração do material.
— Não recrimino, nem me queixo do Brasil — diz Cecília, diante de uma pilha de pastas coloridas etiquetadas como “correspondências de Augusto”. — Mas este país é jovem e, apesar de estar progredindo, ainda não tem interesse em cultivar a memória de seus ícones. Em outros lugares do mundo, como nos Estados Unidos, o dinheiro destinado à cultura é bem maior, e fica tudo mais fácil.
Com a ajuda de amigos, Cecília descobriu recentemente que gastaria aproximadamente US$ 500 mil se quisesse limpar, catalogar e digitalizar no Rio os 20 mil textos, 300 horas de vídeo, 120 horas de áudio, 2 mil fotografias, 120 cromos e diversos desenhos (sim, Boal desenhava!) que o marido arquivou. Decidiu sair em busca de ajuda, mas não obteve sucesso em lugar algum. Visitou as secretarias municipal e estadual de Cultura do Rio e, apesar de bem recebida, ouviu queixas de que a verba pública é sempre diminuta, insuficiente para a obra de Boal.
— Até me disseram que poderiam me ceder uma casa, mas que o espaço precisava de obras e que isso correria por minha conta. Não dava — lembra a viúva.
Cecília recorreu, então, à iniciativa privada. Esteve no Instituto Moreira Salles e se deu conta de que o volume de documentos do marido, que compulsivamente guardou os originais de todas as suas peças, os programas, os cartazes, as traduções, os prêmios, os artigos de jornal e as teses escritas sobre ele, tornava tudo ainda mais complicado.
Foi aí que recebeu um telefonema da New York University e resolveu: em agosto, abrirá, para uma dupla de funcionários da universidade americana, as portas de seu apartamento, no Arpoador, e do quartinho refrigerado que aluga em Botafogo.
Os dois especialistas irão garimpar entre caixas, pastas e prateleiras todas as preciosidades criativas do ensaísta, que teve obras traduzidas para mais de 70 línguas, além de ter sido indicado ao Nobel da Paz em 2008.
— Os cassetes, as fitas em VHS, os DVDs e todas as outras coisas gravadas serão arquivados com a ajuda de uma tecnologia da NASA que capta os sinais das reproduções e os guarda por cerca de 500 anos — conta Cecília, afundada no sofá de sua sala. — Já os cadernos, roteiros, fotos, objetos e cartas ficarão numa sala que poderá ser visitada gratuitamente por quem agendar hora. A universidade também me prometeu criar um portal trilíngue na internet só para abrigar o acervo do Augusto. Entrar na internet é a melhor forma de manter a obra dele viva.
A princípio, a parceria com a NYU pode parecer estranha, mas, durante quatro décadas, o dramaturgo carioca frequentou a escola, dando aulas extracurriculares e recebendo no Rio alunos interessados em aprofundar suas técnicas. Eram, ao menos, 25 todos os anos, lembra Cecília
— Então me pareceu lógico entregar esse acervo à NYU — defende a psicanalista. — Não tenho mais idade para esperar uma solução por aqui, e o material está visivelmente se deteriorando. É muita maresia e muita umidade no Rio de Janeiro.
Na coleção de Boal está a fita cassete original de “Meu caro amigo”, que Chico Buarque e Francis Hime lhe enviaram quando ele estava exilado em Portugal. Estão também uma foto do dramaturgo com Maria Bethânia na época do show “Opinião” e cartas redigidas por Fernanda Montenegro e pelo escritor argentino Julio Cortázar, além de diversos textos ainda inéditos. Quando entra no escritório de sua casa, de onde se ouvem as ondas do mar, Cecília zanza, confusa, entre caixas e pastas. Não sabe mais ao certo onde cada coisa foi parar.
Desde a morte de Boal, o arquivo cruzou a cidade algumas vezes. Em 2009, seguindo a sugestão do professor de teatro Zeca Ligiéro, Cecília levou toda a produção do marido para a biblioteca da Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio). Durante mais de 12 meses, esperou que a ala especial prometida para abrigar e expor o acervo saísse do papel. Mas, obedecendo à morosidade do serviço público, a construção não decolou, e Cecília achou melhor retomar o arquivo para si.
No ano passado, por alguns meses, toda a produção intelectual de Boal ficou hospedada na Fundação Darcy Ribeiro, mas, no início deste ano, Cecília decidiu que o melhor seria desembolsar R$ 1.200 por mês e alugar um quartinho em Botafogo para que ela própria cuidasse do acervo. Pôs um ar-refrigerado, e metade das caixas não coube — indo parar em sua casa. A convivência com a desordem foi o empurrão que faltava para que Cecília entabulasse negociações definitivas com os americanos.
— A universidade lamenta que as obras de Boal terminem fora do país — diz Márcia Valéria Costa, diretora da biblioteca central da UniRio. — Não tivemos como atender a família na velocidade que ela queria, mas a ampliação de nossas instalações está prevista para acabar em 2012. Ainda temos interesse em manter o trabalho de Boal no Rio.
Cecília, no entanto, parece ter perdido a fé no serviço público brasileiro. Classifica como “irrecusável” a oferta dos americanos. Em troca do envio do acervo para os Estados Unidos, Cecília quer que a NYU colabore financeiramente para que o Instituto Augusto Boal, que já tem CNPJ, ganhe vida

Noticia enviada Por Carlos Alberto Torres

sábado, 4 de junho de 2011

Rua da Pereira

Cunhal formado por coluna em granito - rua da Pereira

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Rua Principal

Rua Alcides Boal em tarde de festa de Sta Maria Madalena.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

JUSTES - filtrart X

JUSTES filtrart (Franco)
In "Caderno de ensaios cromáticos da ruralidade" - Anabela Quelhas

domingo, 23 de janeiro de 2011

JUSTES - filtrart IX

JUSTES filtrart (Fontes)
In "Caderno de ensaios cromáticos da ruralidade" - Anabela Quelhas

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

JUSTES - filtrart VIII

JUSTES filtrart (Eira)
In "Caderno de ensaios cromáticos da ruralidade" - Anabela Quelhas