terça-feira, 13 de novembro de 2012

100 anos


100 ANOS
100 anos é uma conta inteira, arredondada, perfeita, quando é calculada com lucidez, e com os órgãos dos sentidos a funcionar razoavelmente.Pasmem, ainda lê sem óculos. Uma centena de anos de vigor.
Este é o meu tio que hoje faz 100 anos. 
Alberto Correia é o meu tio secular.
Gosto dele. Sempre me ensinaram a respeitá-lo e eu sempre o fiz.
Juntamente com o meu pai, ele é um dos meus modelos de seriedade, frontalidade, bondade,determinação, responsabilidade e com várias capacidades para lidar com as adversidades da vida, que eu sempre admirei. 
Nasceu em 1912, ultrapassou a 2ª guerra mundial, resistiu à migração para o Brasil, resistiu à migração para Angola e Moçambique, resistiu à emigração para a França nos anos sessenta.
Foi agricultor, sempre.
Até há bem pouco tempo nunca teve férias, nem fins de semana, mas teve sempre tempo para ajudar os outros.
Em novo, era um homem bonito, hoje também. Fazia-me lembrar os actores do cinema francês contemporâneos de Delon e Belmondo. Magro, malares salientes, sobrancelhas espessas, olhos claros e expressão séria. 
Sempre usou chapéu. 
Não ficaria mal num filme policial.
 Intervalou 2 anos na exploração de volframite, na 2ª guerra  mundial, mas sempre foi agricultor, daqueles de arado ou tractor, de enxada ou de segadeira, carregando ou descarregando feno. 
Como ele me parecia alto quando o via no cima de carro de feno!!!! 
Não tinha despertador, mas sempre se levantou cedo e deitou tarde, compensando a falta de horas de sono com pequenas sestas à mesa no final das refeições.
Também sempre foi paciente.
Hoje perguntei-lhe: Qual é o segredo tio? Qual é o segredo para se chegar aos 100?
Respondeu-me com um centenário no olhar: Trabalho, muito trabalho!
Depois de ter abandonado a leitura do Seringador em frente à salamandra, ofereci-lhe flores, vibrantes, e depois partilhámos um saboroso bolo de maçã. 
AQ



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Equipa de futebol - anos 40

Em cima
Da esq para a direita:
António Correia, (?), Isildo Torres, Herminio Carvalho, Armando (filho de Silvino do governo), Serafim Conde.
Em baixo
Da esq para a direita:
Horácio Conde, Francisco Correia, (?), Jacinto Quelhas, Joaquim Correia


Agradece-se a quem conseguir identificar os restantes elementos, que envie informação.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

CARNAVAL 76


CARNAVAL DE JUSTES  - 1976
Norberto Silva, Ana Maria Palheiros, Anabela Quelhas, Berta Coutinho, ........, Cristina Correia, Zé; ?????Osvaldo Nascimento ????, ????
Outros

Foto tirada na rua da Pereira

domingo, 6 de maio de 2012

IRMÃOS PALHEIROS (3/12)

Felisbela Palheiros, Joaquim Augusto Palheiros e Preciosa Palheiros
(minha avó paterna e meus tios avós)

Antigamente não se tiravam fotografias, tirava-se "o retrato". Não se usavam telemóveis, máquinas digitais, reflex, pollaroids... não. Tirar o retrato era algo especial na vida das pessoas. Ia-se à "Bila" a um fotógrafo profissional, com casa comercial montada, de porta aberta, cenários apropriados e então depois de ajustado o preço, os cabelos penteados e a roupa aprumada, sim, iniciava-se o processo. Encaminhavam as pessoas para uma sala de fotografia, com cenário, estrado, luz, quebra-luz, uma grande máquina fotográfica, com apoios e um pano para o fotógrafo meter a cabeça. Alinhavam-se os vestidos, ensaiavam-se poses e, estoirada uma coisa qualquer, que dava luz,... e pronto.
Passado uma semana, viam-se as provas, davam-se retoques a gosto do cliente e então sim, estavam prontas.
Essas fotos duram até hoje.
Esta fotografia que partilho, é uma dessas, tirada por volta de 1910/1915,

domingo, 22 de abril de 2012

COMPOSIÇÃO 1



Ofereço-vos esta melodia lindissima imaginada pelo músico, escritor e médico Otílio Carvalho Figueiredo, que viveu em Justes e chegou até a organizar aí um orfeão na década de 40. Este registo foi produzido pelo músico Jorge Vaz de Carvalho.

Apreciem!

VIEIRA

Nesta casa passava-se tudo. Está ligada à memória colectiva de quantos viveram em Justes. Aqui estava localizada uma das mercearias de Justes. Atendimento personalizado pelo sr. Vieira e pela D. Cecília. Nesta mercearia havia tudo, desde os botões para camisas até arame e cimento. Os produtos que se vendiam eram colocados em cartuchos de papel grosso. Faz parte do meu imaginário uma maquina de medir azeite e os pedidos para chamar familiares ao telefone.

sexta-feira, 30 de março de 2012

1782


Habitação em granito construida em 1782 (230 anos) - pormenor da inscrição na padieira com o registo da data de construção e simbologia cristã.
Rua da Pereira

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

MOTARDS


HOJE EM JUSTES HÁ MOTARDS


A farrapada do Albano Tendeiro


Justes já teve um carnaval a sério, castiço e original.
A farrapada do Albano Tendeiro saia à rua no dia do Entrudo, terça feira de Carnaval. Era assim que se designava um grande grupo de mascarados que saiam à rua assustando os mais pequenos e que passavam por diversas casas solicitando vinho, enchidos ou dinheiro.
A despedida da carne, ritual pagão, absorvido pelo cristianismo, em Justes manifestou-se durante muitos anos, de uma forma rural quase primitiva e naife. Não era um grupo agressivo, mas as crianças mais pequenas assustavam-se com a invulgaridade com que se apresentavam – andrajosos e irreconheciveis.
Este grupo era presidido pelo estimado Albano Tendeiro, homem bem disposto e temente a Deus, pois fora do Carnaval e nos seus tempos que restavam da lavoura árdua e quase desumana, desempenhava funções de sacristão da igreja de Justes, assegurando grande parte do serviço religioso aos fieis devotos da igreja.
No dia do Entrudo, Albano, divertia-se à grande e fazia divertir.
Juntava os foliões numa das lojas da sua casa localizada na Eira, onde recorriam à fuligem depositada na base das sertãs (frigideiras) ou de outros recipientes que iam ao lume (fogueira), e pintavam os rostos e pescoços com essa graxa - mistura de carbono e gordura. Apostavam de seguida no contraste com o branco dos olhos e dos dentes, sendo estes últimos reforçados em tamanho com pedaços de cebola.
O resultado era bizarro, estranho e supostamente pouco saboroso.
O resto da fantasia era composta por tudo que fosse possível vestir, vestidos e calças velhas, lençóis ou cortinas em desuso, chapéus, paus, mocas ou bengalas, e muito especialmente guarda-chuvas estragados, de varetas torcidas e tecido esfarrapado, formando uma autêntica farrapada sem nexo, tangenciando o surreal, o tétrico e o terror, só comparado com o célebre triller de Michel Jackson.
Saiam ao fim da tarde em grande grupo, e a sua passagem era anunciada por vários gritos de tonalidade UUUUUUUUUUUUUUUUhhhhhhhh, de caretos de palha que os antecediam ou outros aldeãos que os seguiam divertidos.
O vinho servia-se em exagero em diversas casas, até a euforia atingir o seu auge, no enterro do Entrudo, que percorria todas as ruas da aldeia, acompanhado de alguma encenação critica, que satirizava publicamente situações que durante o ano andaram na boca do povo. Finalmente, após leitura do testamento, queimava-se um boneco que representava o entrudo, que tinha a característica de ser bem apetrechado ao nível do sexo e redondezas, e onde todos simulavam o choro e os gritos de despedida do inverno.

(fotos originais, não tenho)

BOM CARNAVAL, DIVIRTAM-SE!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

AS ESPANTALHOS E OS ESPANTALHAS

Reportagem fotográfica de uma espantalhice, num dia de entrudo pela manhã.


Espantalhos são bonecos à escala humana que são colocados no meio de hortas ou outras plantações para espantar as aves, simulando a presença do ser humano.
São realizados artesanalmente segundo a imaginação de cada um, e com roupas velhas recheadas de palha ou trapos, à volta de uma estrutura simples de madeira, simulando o esqueleto humano de braços abertos, e normalmente possuem um chapéu.
A população de Justes aceitou o desafio de realizar diversos espantalhos e como sempre imaginação não faltou.
PARABÉNS!