Era um velho
solitário, grande e desajeitado com as coisas da cozinha, habituado com as
tarefas rudes da lavoura, em que tudo o que parece, é, e a força bruta resolve
quase tudo. As subtilezas da culinária, passavam-lhe ao lado, por
insensibilidade e ignorância.
Um dia foi
ao Vieira fazer umas compras e deparou-se cm a novidade da massa para fazer
aletria, arriscou e comprou. Apeteceu-lhe uma guloseima. Chegou à sua cozinha
escura de pote na lareira a fumegar, onde tudo era muito rudimentar, apenas tinha
o necessário para fazer o caldo. Preparou ao lume, a calda e o acúcar como lhe
explicaram que se fazia e deitou-lhe toda a aletria que tinha comprado. Não
contou que a aletria crescesse imenso ao cozer. Nunca ninguém lhe tinha
explicado.
A aletria
começou a crescer e a sair da panela. Ele não tinha mais nenhuma panela, foi
buscar os dois pratos que tinha e uma
malga e esvaziou um pouco a panela… mas a massa crescia e transbordava. O pote
estava com o caldo, não poderia utilizar, foi buscar o púcaro da água, e a
aletria crescia… ele não tinha mais nenhum recipiente para recolher tanta
aletria. Foi chamar a vizinha, que já estava à janela rindo-se da sua
desorientação, não se oferecendo para o ajudar.
Restava-lhe
o penico.
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