JUSTES A nossa herança cultural também é formada por malhas de afectos que nos ligam aos sítios e às pessoas, definindo e justificando cada vez melhor as viagens que oscilam entre passado e futuro. Referências, laços, percursos e registos que só são valorizados pelos que partilham essa herança.
domingo, 31 de maio de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
Provérbio
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Enigmas do Amor
Delcio Rodrigues Pereira é neto de Joaquim Soares Martinho, nascido em 3 de abril de 1871 em Justes, emigrado para o Brasil.
Delcio vive no Brasil e participa nesta Antologia que vai ser lançada em S. Paulo.
Aqui fica a referência, que pena S. Paulo ficar lá do outro lado do oceano.
domingo, 17 de maio de 2009
GLOSSÁRIO VII
Adjunto - multidão; ajuntamento de pessoas.
Chubisco - chuva miúda; chuvisco.
Lapouço - indivíduo pouco ágil e preguiçoso.
Palhuço - palha miúda.
Zurário - agiota; ganancioso.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
domingo, 10 de maio de 2009
Lugar do Fojo
(continuação)
Visitei há pouco tempo atrás o Fojo do Lobo da Samardã, que conserva ainda a maior parte das suas caracteríticas, localiza-se pertinho da cidade de Vila Real e a propósito escrevi um texto publicado no blog http://www.mardepedra.blogspot.com/ que passo a transcrever.
O fojo do lobo da Samardã merece a sua visita.
Terá sido assim em Justes?
Fojo do lobo - A um km da estrada nacional Chaves -Vila Real, perto da aldeia de Samardã (Vila Pouca de Aguiar). Actualmente está integrado no Circuito do Lobo. Subimos a serra e encontramos do lado direito uma cerca com 50m de diâmetro, aproximadamente, construído em forma circular, mas encostado a um declive acentuado, e com aspecto de muralha sem castelo. É o fojo do lobo.
Antes de lá chegar, é bem provável que se cruze com um grande rebanho, espraiado pela encosta, indiferente á sua passagem, guardado pelo respectivo pastor, e 5 cães de guarda, dois destes, castro laboreiros com ar de poucos amigos.
Hoje o lobo é um animal em vias de extinção, sendo acautelado e protegido. Há décadas atrás, abundavam pelas serras de Trás-os-Montes, alimentando-se à custa dos rebanhos que habitavam aqueles declives de manhã à noite. Nem os cães de guarda valiam às cabras ou ovelhas mais distraídas.
A lei da vida!
A arte e o engenho dos seres pensantes, engendraram uma armadilha para apanhar os lobos: o Fojo do Lobo: um muro construído em granito, pedra irregular, com cerca de 3m de altura, com a particularidade do seu remate superior, ser formado por lages salientes para o interior, pontiagudas, tendo uma função muito especifica: impossibilitar a passagem do interior para o exterior.
Atendendo à morfologia do terreno, era possível aos lobos, saltarem para dentro deste recinto, utilizando a parte mais elevada, só que não conseguiam fazer o caminho inverso.
Assim, a tal “muralha possuía” uma pequena abertura onde era introduzida uma cabra velha, manca ou doente, tinhosa como lhe chamavam; tapavam o buraco com uma pedra e deixavam-na lá a pastar, com um pequeno pio com água.
Era este o chamariz dos lobos, que rapidamente pressentiam a presença da cabra fora do rebanho. Saltavam o muro facilmente pelo topo superior, comiam a rés e só depois se sentiam encurralados, tendo que esperar pelo seu fim tão ardilosamente preparado.
No dia seguinte, os pastores chamariam os caçadores para matarem o lobo. Era costume, o caçador exibir o predador defunto, no lombo de um burro e passeá-lo pela aldeia, construindo oportunidade para convívio, prova de salpicões e emborcar uns quartilhos de vinho.
Estas construções de arquitectura popular, com origem ascentral, estão também em vias de extinção. Muitas se esqueceram, engolidas pelo mato de giestas, outras se desagregaram, ou ainda serviram de material de construção para outros espaços.
Resta ainda este, bem perto de todos nós, mas já adulterado: localizaram na sua parte central umas placas comemorativas, que alteram a conjuntura da cerca. Camilo Castelo Branco, que viveu uma parte da sua vida em Vilarinho de Samardã, imortalizou esta vivência:
“Eu é que conheço a Samardã, desde os meus onze anos. Está situada na província Transmontana, entre as serras do Mésio e do Alvão. Nas noites nevadas, as alcateias dos lobos descem à aldeia e cevam a sua fome nos rebanhos, se vingam descancelar as portas dos currais; à míngua de ovelhas, comem um burro vadio ou dois, consoante a necessidade.
Se não topam alimária, uivam lugubremente, e embrenham-se nas gargantas da serra, iludindo a fome com raposas ou gatos bravos marasmados pelo frio. Foi ali que eu me familiarizei com as bestas-feras; ainda assim, topei-as depois, cá em baixo, nos matagais das cidades, tais e tantas que me eriçaram os cabelos
Na vertente da montanha que dominava a Samardã, havia um fojo – uma cerca de muro tosco de calhaus a esmo onde se expunha à voracidade do lobo uma ovelha tinhosa. O lobo, engodado pelos balidos da ovelha, vinha de longe, derreado, rente com os fraguedos, de orelha fita e o focinho a farejar. Assim que dava tento da presa, arrojava-se de um pincho para o cerrado. A rês expedia os derradeiros berros fugindo e furtando as voltas ao lobo que, ao terceiro pulo, lhe cravava os dentes no pescoço, e atirava com ela escabujando sobre o espinhaço; porém, transpor de salto o muro era-lhe impossível, porque a altura interior fazia o dobro da externa. A fera provavelmente compreendia então que fora lograda; mas em vez de largar a presa, e aliviar-se a carga, para tentar mais escoteira o salto, a estúpida sentava-se sobre a ovelha e, depois de a esfolar, comia-a.
Presenciei duas vezes esta carnagem em que eu – animal racional – levava vantagem ao lobo tão-somente em comer a ovelha assada no forno com arroz.
De uma dessas vezes, pus sobre uns sargaços a Arte do padre António Pereira, da qual eu andava decorando todo o latim que esqueci; marinhei com a minha clavina pela parede por onde saltara a fera, e, posto às cavaleiras do muro, gastei a pólvora e chumbo que levava granizando o lobo, que raivava dentro do fojo atirando-se contra os ângulos aspérrimos do muro.
Desci para deixar morrer o lobo sossegadamente e livre da minha presença odiosa. Antes de me retirar, espreitei-o por entre a juntura de duas pedras. Andava ele passeando na circunferência do fojo com uns ares burgueses e sadios de um sujeito que faz o quilo de meia ovelha. Depois, sentou-se à beira da restante metade da rês; e, quando eu cuidava que ele ia morrer ao pé da vítima, acabou de a comer. É forçoso que eu não tenha algum amor-próprio para confessar que lhe não meti um só graeiro de cinco tiros que lhe desfechei.
As minhas balas de chumbo naquele tempo eram inofensivas como as balas de papel com que hoje assanho os colmilhos de outras bestas-feras. Este conto veio a propósito da Samardã, que distava um quarto de légua da aldeia onde passei os primeiros e únicos felizes anos da minha mocidade.”
Camilo Castelo Branco, em “O Degredado”
Camilo Castelo Branco, em “O Degredado”
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Lugar do Fojo
Há um lugar em Justes denominado por Fojo, junto à Escola e às Madorras, numa das saídas/entradas principais da aldeia.
Será que esse lugar teve alguma história que justifique o nome? Não se sabe.
É um lugar morfologicamente alterado com a implantação da estrada de acesso à estrada Nacional nº 15 no ano de 19??, pelo que se torna difícil detectar vestígios de grandes declives ou então restos de paredes que tenham servido de fojos. Muitas pedras em Justes mudaram de lugar, ao longo dos últimos 80 anos – a partilha de bens e sucessiva divisão da propriedade, sedimentou nos habitantes de Justes o desejo de limitar a propriedade de forma bem visível, com a construção de paredes de granito.
Chama-se Fojo a uma caverna ou cova onde se acoitam feras.
Chama-se Fojo a uma caverna ou cova onde se acoitam feras.
Em Trás-os-Montes existem diversos fojos que eram autenticas armadilhas para lobos.
Considerado como o grande inimigo dos rebanhos, o lobo foi sempre perseguido e se possível abatido, até chegarmos aos dias de hoje, em que é um animal em vias de extinção. Em Justes não terá sido de outra forma.
Até ao inicio do século XX o lugar do fojo terá sido provavelmente o local da armadilha de lobos, localizado na época no exterior da aldeia, aproveitando algum declive natural, e limitado por paredes em granito com cerca de 2 ou 3 metros de altura.
Os fojos são peças da arquitectura popular características apenas do Norte de Portugal, e existem dois modelos de construção: o fojo de cabrita e o de paredes convergentes.
O fojo de cabrita caracteriza-se pela sua forma circular, implantado de acordo com o declive do terreno, onde se colocava uma cabra velha ou doente, servindo de engodo para atrair o lobo.
O fojo de paredes convergentes, utilizava paredes que convergiam e se direccionavam para um fosso. Neste caso era necessário a batida ao lobo para o afugentar na direcção do fojo e finalmente o fosso disfarçado com vegetação.
Considerado como o grande inimigo dos rebanhos, o lobo foi sempre perseguido e se possível abatido, até chegarmos aos dias de hoje, em que é um animal em vias de extinção. Em Justes não terá sido de outra forma.
Até ao inicio do século XX o lugar do fojo terá sido provavelmente o local da armadilha de lobos, localizado na época no exterior da aldeia, aproveitando algum declive natural, e limitado por paredes em granito com cerca de 2 ou 3 metros de altura.
Os fojos são peças da arquitectura popular características apenas do Norte de Portugal, e existem dois modelos de construção: o fojo de cabrita e o de paredes convergentes.
O fojo de cabrita caracteriza-se pela sua forma circular, implantado de acordo com o declive do terreno, onde se colocava uma cabra velha ou doente, servindo de engodo para atrair o lobo.
O fojo de paredes convergentes, utilizava paredes que convergiam e se direccionavam para um fosso. Neste caso era necessário a batida ao lobo para o afugentar na direcção do fojo e finalmente o fosso disfarçado com vegetação.
(cont.)
quarta-feira, 6 de maio de 2009
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Giesta
A giesta é uma planta arbustiva de 1 a 3 metros de altura, com ramos abundantes, estriados e flexíveis. Folhas constituídas por três folículos que aparecem na base dos ramos e caiem rapidamente. Flores solitárias nas axilas das folhas, com cálice em forma de campânula, cinco pétalas, amarelas. O fruto é uma vagem completamente coberta de pelos acinzentados e arredondada, com até 3,5 cm de comprimento.
É nativa de Portugal e considerada daninha ou invasiva em muitas regiões.
No Norte de Portugal e em Justes especificamente, abundam as giestas e reproduzem-se ostensivamente, invadindo terrenos não cultivados e caminhos raramente utilizados. Formam uma ocupação vegetal densa e permanente, inviabilizando o acesso a propriedades e constituindo uma óptima matéria prima para a propagação de incêndios.
Os ramos são tradicionalmente utilizados para a manufactura de vassouras. Os ramos secos são por vezes utilizados como combustível.
Toda a planta é tóxica.
Todas as partes da planta têm interesse farmacêutico: flores, cimeiras, sementes, raízes, mas são mais frequentemente colhidas as cimeiras. As partes mais tenras dos caules são cortadas à mão, postas a secar à sombra, cortadas depois em fragmentos mais pequenos. Entre as substâncias activas, a mais importante é o alcalóide esparteína que afecta o coração e nervos de modo semelhante ao "curare".
A forte toxicidade da planta leva a que raramente seja usada em medicina popular: serve principalmente de matéria-prima que permite isolar as diferentes substâncias activas. Os remédios à base de esparteína são prescritos em casos de perturbações da actividade cardíaca e da circulação sanguínea. Dilatam as coronárias e aumentam a tensão. Outras substâncias tiradas da giesteira-das-vassouras estimulam a actividade dos músculos lisos e do útero, o que é utilizado em obstetrícia. Têm também um efeito fortemente diurético. Excesso causa colapso respiratório.
Não é recomendado para mulheres grávidas ou pacientes com pressão alta. As doses e a frequência das administrações devem ser determinadas pelo médico.
As flores amarelas da planta servem de matéria-prima para fabricar um corante.
É nativa de Portugal e considerada daninha ou invasiva em muitas regiões.
No Norte de Portugal e em Justes especificamente, abundam as giestas e reproduzem-se ostensivamente, invadindo terrenos não cultivados e caminhos raramente utilizados. Formam uma ocupação vegetal densa e permanente, inviabilizando o acesso a propriedades e constituindo uma óptima matéria prima para a propagação de incêndios.
Os ramos são tradicionalmente utilizados para a manufactura de vassouras. Os ramos secos são por vezes utilizados como combustível.
Toda a planta é tóxica.
Todas as partes da planta têm interesse farmacêutico: flores, cimeiras, sementes, raízes, mas são mais frequentemente colhidas as cimeiras. As partes mais tenras dos caules são cortadas à mão, postas a secar à sombra, cortadas depois em fragmentos mais pequenos. Entre as substâncias activas, a mais importante é o alcalóide esparteína que afecta o coração e nervos de modo semelhante ao "curare".
A forte toxicidade da planta leva a que raramente seja usada em medicina popular: serve principalmente de matéria-prima que permite isolar as diferentes substâncias activas. Os remédios à base de esparteína são prescritos em casos de perturbações da actividade cardíaca e da circulação sanguínea. Dilatam as coronárias e aumentam a tensão. Outras substâncias tiradas da giesteira-das-vassouras estimulam a actividade dos músculos lisos e do útero, o que é utilizado em obstetrícia. Têm também um efeito fortemente diurético. Excesso causa colapso respiratório.
Não é recomendado para mulheres grávidas ou pacientes com pressão alta. As doses e a frequência das administrações devem ser determinadas pelo médico.
As flores amarelas da planta servem de matéria-prima para fabricar um corante.
. No final de Abril e inicio de Maio, as giestas florescem com bonitas flores amarelas. A 1 de Maio, há quem as recolha, as organize num pequeno ramo e pendure nas portas e janelas.
Porque e para que?
domingo, 3 de maio de 2009
Sacristia
Entrada para sacristia da capela de Sta Maria Madalena que abre para uma pequena rua lozalizada do lado direito da fachada princicpal. A rua serve a entrada da sacristia e a escada de acesso ao campanário e coro da capela, de seguida estendende-se em bifurcação através do casario que nasceu de forma organica e com pequenos apontamentos medievais.
Junto da entrada localiza-se cruz em granito, que assinala um dos pontos da simulação da via sacra.
sábado, 2 de maio de 2009
Eduardo Torres
Hoje Justes teve uma visita insólita.
Eduardo Torres descendente de um indivíduo nascido em Justes no século XIX, Serafim Torres, teve curiosidade em conhecer as suas raízes e procurar os seus familiares.
Foi necessário descodificar 5 gerações, entre Portugal e o Brasil, através de uma investigação genealógica realizada de forma empírica, para se chegar a conclusões.
Visitaram-se lugares simbólicos, reconstituiu-se um pouco a vida de há dois séculos atrás através do recurso à imaginação partilhada a 3, reconstruíram-se parentescos, tiraram-se parecenças, trocaram-se endereços, fizeram-se registos fotográficos, visitou-se o passado através de fotografias a preto e branco, falou-se de Portugal e do Brasil e brindou-se com um bom vinho do Porto.
Perfeito!
Perfeito!
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