sábado, 27 de setembro de 2008

Expressões 1

A comunicação pressupõe a existência de uma mensagem (aquilo que se quer comunicar), um emissor (emite mensagens), um receptor (recebe mensagens) e a utilização de um canal (meio pelo qual circula a mensagem) – são estes os elementos da comunicação.
A linguagem pode ter várias funções e várias expressões, e é necessário que o emissor e receptor se ponham de acordo quanto ao significado da mensagem..
A linguagem popular é enriquecida quando o povo cria expressões características de uma região ou de um sitio (expressões regionais), frequentemente só entendidas pelas pessoas que conhecem esses códigos de comunicação. Para quem não os conhece as expressões resultam sem sentido e por vezes muito ridículas.
A expressão popular ou idiomática, na língua portuguesa, é uma expressão que se caracteriza por não ser possível identificar o seu significado através das suas plalavras individuais ou do seu sentido literal. Desta forma, também não é possível traduzi-la para outra língua de modo literal ou directo. Essas expressões geralmente originam gírias, e peculiaridades de diversos grupos de pessoas: seja pela região, profissão ou outro tipo de afinidade.
A expressão funciona como um todo, uma unidade.
Expressões de Justes:

"Não ter relêgo na lingua" - significa não ter cobro ou travão na língua, falar demais.

"Abocar a reca" - significa apanhar no sentido de ser agredido.

"Olhar contra a goberno" - significa olhar de vesgo, olhar cruzado.

"Ser fosfórico" - significa ser estravagante, vaidoso, peneirento.
"birar o bico ó prego" - significa, inverter a situção ou a posição.
"Bem m'eu finto" - significa que não acredita, que não vai na conversa.
"Não ter um bintém furado" - Significa não ter dinheiro.
A. Quelhas

domingo, 21 de setembro de 2008

GLOSSÁRIO

Glossário de Justes:

(em construção permanente)

PESTIÇAR - choramingar ou fazer de conta.

NESPRA - nespera (fruta)

QUENGUENHO - caule estruturado do cacho de uvas

TALEFE - ponto de cota mais elevada de uma serra.

sábado, 20 de setembro de 2008

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Hydrangeas

Hortênsias que em Justes se chamam Hydrangeas

Família: Hydrangeaceae (família Hydrangea)
Nomes Comuns: Hydrangea Francesa, Hydrangea de Folha Larga
Nome comum: Hortênsia
Descrição: A Hortênsia ou Hydrangea é um arbusto arredondado com folhas caducas e serrilhadas de tons verde escuro ou claro, que se dispõem ao longo do ramo em posições alternadas. Em regra medem 0,9-1,8 m de altura e têm uma largura equivalente, mas as espécies mais antigas podem ultrapassar os 2,4 m. As flores das variedades mais comuns dispõem-se em cachos em forma de bolas. Há muitas variedades e também muitos híbridos.

Cores: Na maior parte das espécies de Hydrangeas as flores são sensíveis ao PH, sendo as flores de cor roxa escura ou azul cobalto prevalecentes em solos mais ácidos, enquanto a cor branca ou verde clara indica que o solo é neutro e a cor de rosa resulta de terrenos alcalinos. Por esta razão, se preferir que a planta tenha flores de cor azul basta acidificar o solo com um preparado à base de ferro (por exemplo, há quem espete um prego ferrugento perto das raízes da Hortênsia, não garanto que resulte mas não custa tentar...). Existem à venda preparados destinados a influenciar a cor das hortênsias, que nos meses quentes possuem uma vegetação verde escura muito bonita.
A floração torna-se mais fácil nas regiões com Invernos menos rigorosos, dado que as flores nascem nos ramos que cresceram no ano anterior, mais tenros e sensíveis ao frio e à geada. Esta informação é muito importante para orientar a forma de podar.
A Hydrangea Francesa pode ser perene nas regiões com Invernos muito suaves.
Origem: Embora vulgarmente seja conhecida por Hydrangea Francesa, a Hortênsia ou Hydrangea macrophylla é originária do Japão e da Coreia. Naturaliza-se em zonas de clima compatível como é o caso dos Açores.
Cultura: Gosta de solo rico, solto, húmido mas bem drenado. Nas regiões mais a norte prefere o sol directo. Nos Verões quentes, floresce bem em locais ao sol ou parcialmente à sombra. Com sol directo as folhas ficam com um aspecto murcho, mesmo que tenha sido regada à pouco tempo, por essa razão nestes locais o aspecto da planta é sempre melhor ao fim do dia. Retire as flores logo que comecem a secar, uma vez que começam a dar sementes imediatamente após iniciarem a floração.
Luz: Sombra parcial ou sol. Humidade: Húmido, bem drenado.Resistência: Zonas 6-10.Propagação: Por estacas, muito fáceis de propagar.
Aplicações: Nos climas onde a Hortênsia dá flor, coloque-a no meio de uma sebe com espécies diversas ou por trás de uma zona de flores. A sua folhagem rica e o tamanho médio tornam-na um excelente cenário de fundo para flores brancas ou de cor suave, ou mesmo para plantas perenes altas e anuais. Nos climas quentes a Hydrangea Francesa é perfeita para dar um toque de Primavera nas áreas mais sombreadas ou nos jardins com árvores. Isolada pode ter um aspecto fantástico e quanto maior for melhor.
Aconselham-se podas muito ligeiras, para evitar diminuir a quantidade de floração no ano seguinte. É fácil obter flores secas da Hortênsia, que duram muito tempo e podem ser coloridas com um spray de outra cor ou ficar na cor natural, apenas cobertas com um pouco de laca de cabelo para endurecer e preservá-las por mais tempo.
Características: Estas plantas, que são de fácil cultura e muito vulgares no nosso país, encontram-se praticamente de norte a sul e são, sem margem para dúvidas, um excelente contributo para qualquer jardim.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Choque de culturas em alto mar

Choque de culturas em alto mar Sargento Machado* nas suas idas e vindas do Ultramar Português (ex-colónias portuguesas) acumulou diversas estórias que contava com um prazer desmedido, acompanhado daquela laracha humorista que prendia os seus ouvintes, horas e horas. Um dos seus relatos expressa bem o choque de culturas, a britânica e a lusa, manifestada pelas regras de comportamento, que nem sempre são comuns. Há muitos que pensarão que os ingleses é que são educados e por isso são denominados de gentlemen, e por aqui os cavalheiros portugueses, não passam de uns brojeços sem educação …. Porém será mesmo assim?. … arrotar, palitar os dentes, assoar o nariz, catotar os dedos dos pés, largar umas bufas, são actos íntimos, mas serão actos reprováveis quando realizados em publico?
Sargento Machado navegava em alto mar, partilhando o seu camarote com um gentleman e aparentemente tudo corria bem, ao longo do oceano atlantico. Não se incomodavam com o balançar do navio, dormiam bem e comiam melhor. Um não falava a língua do outro, e vice versa, portanto a comunicação era básica, utilizando a linguagem gestual para reforçar a verbal e um sorriso sempre nos lábios ia resolvendo, a partilha do espaço. Até que uma noite, ao cruzar o Equador, depois de um jantar mais pesado e variado, dedicado a Neptuno, recolhidos no camarote, preparando-se para repousar mais uma noite, Sargento Machado sente que o Gentleman começa a largar umas bufas, primeiro de pantufas, depois cada vez mais descaradas e sonoras. Sargento Machado foi apanhado de surpresa e inicialmente fingiu que nada ouvia. No entanto perante a repetição de tanta flatulência, ele começa a resmungar no seu português suave que rapidamente se tornou mais audível e agressivo: - Mas que gajo porco! A peidar-se aqui à minha frente!…. Ao que inglês respondia: - Thank you, thank you! Obrigado? Ès um bom porcalhão! Seu odre mal cheiroso! Mais uma bufa sonora , e mais outra e mais outra…. - Grande sabujo, granda porco! - Thank you very much! Thank you! Thank you my friend! Desesperado o militar resolveu responder na mesma moeda, pensando: _ Ai tu queres festa? Então aí vai! E começa a expulsar configurações gasosas, cada vez mais ruidosos e mal cheirosas, ao que o gentleman respondia e incentivava: - Very good! Very Good! Yes, very good! * Os nomes podem ser ou não reinventados, mas as estórias são verdadeiras. Sargento Machado, casado em Justes, fez da vida militar a sua profissão tendo vivido activamente essencialmente no primeiro lustro do século XX.
A. Quelhas

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Casa Páteo

Casa páteo - rua Alcides Boal

domingo, 14 de setembro de 2008

Alcunhas (2)


Matronímicos:

(com origem no nome da mãe)
Mário da Chica
Zé da Rita
Serafim da Rabeca
Marianos
Lúcios
Monarco
Brancas
Clariços
Flávias



Patronímicos:

(com origem no nome do pai ou outro elemento masculino)
Alberto do Roque (Roque sogro)
Elbira do Guilherme

António do Ferciano (Feliciano)
Augustinha do Amâncio
Augusta do Alexandre
Tonecas
Bernardas

sábado, 13 de setembro de 2008

Quelho

Caminho lateral à igreja de Sta Maria Madalena, vulgarmente denominado por Quelho*
* Quelho aplicado no masculino.
Quelha é um acesso apertado, muito apertado, uma viela, um beco, que não possibilita o tráfego automóvel, de características medievais e que por vezes, a sua entrada e ou saida é ainda mais apertada. Será uma via de pouca visibilidade para a rua principal.
Em Justes para além das quelhas, existe o lado masculino deste elemento urbano, o quelho.
Deduzo que um quelho será ainda mais reduzido na dimensão, sombrio, pouco arejado, limitado de construções de ambos os lados, que dificulta a penetração da projecção dos raios de sol.
Este, quando era totalmanete habitado, trás-me à memória o aroma do carapau frito por volta do meio-dia

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Alcunhas (1)

O gosto do povo em exercer o baptismo dos outros, através de alcunhas, perde-se no tempo.
Nomes engendrados pela deformação linguística do falar das gentes, nomes que reforçam os laços familiares com o pai ou com a mãe, nomes que se relacionam com as profissões ou actividades, com defeitos físicos, e muitos outros que se devem à imaginação fértil de cada um, vão passando de geração em geração.
Algumas alcunhas contêm uma estória ou acontecimento relacionado com a pessoa, e assim quando é mencionada, trás como apêndice a tal estória, que passando de boca em boca vai ganhando cada vez mais importância sobrepondo-se ao nome próprio. A imaginação do povo é fértil e acutilante, por vezes até cruel.
Alguns ostentam a alcunha com orgulho, outros nem por isso… outros provavelmente nem se identificam com ela desconhecendo-a. Claro que a alcunha, na maior parte dos casos é utilizada com recato e discrição não sendo utilizada no trato directo com a pessoa.




Deformação do nome:
Mairos
Bicentas (Vicente)
Bitra (Mulher do Vítor)
Pompílio (Olímpio)
João Pató (deformação de general Paton, aplicado aqui devido a um casaco comprido)
Palhuços (Palheiros)
Boala (mulher do Boal)
Clarinetos (Clara)
Ana Bicha (Bicho)



Característica física:
Manel Careca (nome herdado, o original seria careca)
Homem dos picos (cabelo à escovinha)
Melros (por serem morenos)
Amor sem pescoço
Centanico (por ser baixo. Centanico – centeio raro e fraco)
Maria mouca
Marantona
Manhufa

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Varanda


Varanda - largo do Boal

Sebastião Anjinho

As estórias contadas ao canto da lareira ora têm o sabor do real, ora têm o sabor do imaginário... que podem ou não atravessar intactas, diversas gerações, no entanto a sabedoria popular afirma que:" quem conta um conto acrescenta um ponto".


Perderão certamente qualidade ao passar da oralidade para a escrita.




Sebastião anjinho

Sebastião era moço de recados e de trabalho pesado, que foi habituado a obedecer. Desde criança a servir em Justes, para ganhar o seu sustento, aprendeu a ser submisso e obedecer às ordens daqueles que ele entendia serem superiores. Simpático para todos, risonho, afável, com alguma deficiência que se traduzia na má articulação das palavras, alguma descoordenação motora e pouco rasgo nas ideias.

Chegou a idade de ir prestar serviço militar.
Passou na inspecção nem se sabe muito bem como nem para quê, pois as inaptidões eram facilmente visíveis.
Fez uma recruta talvez especial, Lamego ou Santarém, não interessa. Dadas as suas limitações, foi frequentemente alvo das brincadeiras e partidas dos colegas do quartel.
Certo dia mandaram o Sebastião entrar de costas num cacifo metálico, daqueles que servem para guardar algumas peças de roupa que se utilizam nas camaratas militares, e ordenaram-lhe que ergue-se as mãos como se estivesse a rezar e fechasse os olhos.
Tiraram-lhe uma fotografia bem enquadrada e enviaram à pobre mãe que habitava numa aldeia também aqui em Trás-os-Montes.
A mãe analfabeta e temente a Deus, olha a fotografia e começa logo a chorar o pobre Sebastião finado e a rezar-lhe pela alma, coitado do seu menino, na tropa mas ainda anjinho.
A. Quelhas

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Rua das fontes ou rua de baixo


Rua das fontes ou rua de baixo - toponomia criada a partir de dois pontos de água: as fontes e bebedouro para animais que consta da fotografia (abertura no muro da esquerda) e por ser a rua de cota baixa.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

TERMO DE JUSTES

Termo de Justes

O termo de um território é o limite ou o terminus do espaço que pertence a alguém, a um grupo de pessoas, a uma organização ou a uma instituição.
Será uma linha de fronteira entre interior e exterior, que assegura fisicamente o limite da posse geográfica de um individuo ou colectividade.
O termo de Justes é também o limite dos terrenos das pessoas que habitam a aldeia.
Essa linha limite nem sempre coincide com o limite do concelho, ou com as divisões administrativas que existem no seu interior.
O termo é um limite de posse, ascentral, herdado através de diversas gerações, cuja visibilidade foi assegurada através de um controle colectivo e anual realizado pelos homens da aldeia, desde tempos remotos, chamando-se a essa acção o “arredondar dos termos”.
A acção obedecia a um ritual de confirmação colectiva do seu território. A linha geográfica do termo, terá sido um dos muitos elementos que contribuiram para a construção da identidade dos habitantes ou naturais de Justes, “invadindo” em vários pontos o concelho de Sabrosa.
Actualmente o “arredondar do termo” já não se realiza. As gerações mais novas desconhecerão o facto e a linha geográfica perder-se-á certamente entre matagais de giestas desconhecedoras também desta ligação das gentes com o território.

Os terrenos de Justes que confrontam com o termo, são os seguintes:

(Partindo da referência de uma linha de água que é o rio pinhão – ponte pinhão, e no sentido contrário dos ponteiros do relógio.)
Lugar do rio
Vila pés
Fraga de baixo
Vila só
Fraga da negra (entre vila só e caminho para souto de escarão) – (até aqui tudo confronta com o rio) –
Valvelho do fundo
Fundo da outeja
Outeja
Vidual baixo
Vidual de cima
Abelheira
Mouta
Palão
Alto do vidual
Fonte do ouro
Candal
Monte da cumieira (talefe)
Arragais
Lameiras da Póvoa
Murada
Gorgolhocho
Cavaleiro
Feitais
Chão da capela
Mós
Ponte
Castanheiro da vinha
Valderradeiro
Serrinha
Casulos
Mouroa
Lugar do rio
A. Quelhas

Alberto Correia




Pretendo homenagear num dos primeiros posts uma das pessoas mais idosas de Justes, Alberto Correia.
Com mais de 90 anos, caminha com todo o vigor para um século de existência.
Talvez seja a pessoa que melhor conhece Justes e a sua história do século XX.
Talvez seja a pessoa que mais trabalhou nesta terra. Considero-o um individuo sensato, resistente, vigoroso, inteligente, sensível, bonito, honesto e tenho orgulho que seja meu tio.
Alberto Correia é um homem com uma longa história de vida, sabedor de muitas histórias reais e imaginadas, conhecedor de muitos segredos, experiente nos assuntos da cultura popular e ainda hoje, laboralmente activo.
A. Quelhas

segunda-feira, 1 de setembro de 2008