terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Castanhas


A castanha é algo saboroso, nutritivo, que não necessita de tempero nem de preparação especial, possibilitando o consumo cozida, assada, crua ou seca.
No final do mês de Outubro a castanha madura cai espontaneamente, abrindo-se espreitando no meio dos ouriços. Até Janeiro e mais, faz-se o uso da castanha verde, assada, cozida e até sem preparo algum.
Depois, quem quer conservar as castanhas, tem que proceder à sua secagem.
Hoje as castanhas são uma guloseima de Outono, que se come com gosto, quentinhas e boas, mas ninguém abusa, porque engorda, porque gera movimentos de ar desagradáveis e porque são caras, no entanto a castanha teve imensa importância na dieta alimentar dos nossos antepassados de Justes, substituindo por vezes o pão e a batata. A castanha era alimento de ricos e de pobres, consumidas após a refeição ou constituíam a própria refeição, e frequentemente mergulhavam no pote do caldo, formando uma deliociosa sopa adocicada e altamente nutritiva.
A castanha é usada na alimentação desde os tempos pré-históricos.
As castanhas que comemos, frutos do castanheiro, são ricas em amido (hidrato de carbono), o dobro da percentagem das batatas, em vitaminas C e B6 e potássio.
Antes de cozinhadas, deve-se talhar a casca, para que se possa libertar o vapor de água resultante da cozedura ou do assado, evitando que ela estoire ou expluda.

As doenças do castanheiro reduziram muito a sua produção. Nos anos oitenta, em Justes, foram feitas novas plantações mas ainda não se atingiu o número de castanheiros e soutos existentes no século XIX.
Para ampliar o seu tempo de consumo secavam-se as castanhas no caniço, por cima da fogueira que ardia na lage granítica das cozinhas. Em baixo os potes ajeitavam-se ao lume de dia e de noite e o calor elevava-se penetrando no caniço, secando o miolo e facilitando a separação da casca e da camisa. O seu tempo de secagem é de cerca de 30 dias.
O caniço é uma estrutura de ripado de madeira, com uma malha que permite não deixar cair as castanhas e ao mesmo tempo deixa passar o calor que irá secar as castanhas. Este processo caiu em desuso.
Em Justes nunca houve o hábito de transformar a castanha seca em farinha. Quando as pessoas iam para o campo trabalhar levavam sempre algumas castanhas secas no bolso, para assim enganarem a fome.

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